”Ainda estou aqui” ganha Oscar como melhor filme internacional

Ainda estou aqui ganha Oscar como melhor filme Internacional – Foto Crédito Walter Salles – Divulgação/Arquivo Pessoal

O filme ”Ainda estou aqui” concorreu com “A Garota da Agulha”, da Dinamarca, o francês “Emilia Pérez”, “A Semente do Fruto Sagrado”, da Alemanha, e Flow, da Letônia.

Venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo (2), “Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles.

Ainda estou aqui ganha Oscar como melhor filme Internacional

Foto Crédito G1 – Divulgação/Arquivo Pessoal

Emocionado Walter Salles em seu discurso, agradeceu a Eunice Paiva, personagens de Fernanda Torres, e Fernanda Montenegro.

Foto/Vídeo Crédito G1 – Divulgação/Arquivo Pessoal

”Ainda estou aqui” ganha Oscar como melhor filme internacional

Quem foi Eunice Paiva do Filme “Ainda estou aqui”:

Eunice Paiva nasceu na cidade de São Paulo e passou sua infância no bairro do Brás, conforme indicado no dossiê Memórias da Ditadura, elaborado pelo Instituto Vladimir Herzog. Ela casou-se com Rubens Paiva e juntos tiveram cinco filhos.

A família residia no Rio de Janeiro quando, em janeiro de 1971, os militares invadiram sua casa e detiveram Eunice, seu marido e sua filha Eliana, levando-os ao Destacamento de Operações e Informações (DOI) do Exército. Eliana foi mantida prisioneira por um dia, enquanto Eunice ficou detida por 12 dias, durante os quais foi submetida a intensos interrogatórios.

Após a sua liberação, Eunice iniciou uma incansável busca por informações sobre o marido, que nunca mais foi encontrado. Vera Paiva, uma das filhas do casal, relatou ao Instituto Vladimir Herzog que acredita que a determinação da mãe em continuar lutando após o desaparecimento de Rubens estava ligada ao resgate da memória dele, tratado como vítima do terrorismo estatal, e à necessidade de descobrir o que realmente ocorreu.

Vera mencionou que Eunice tinha convicção de que haviam levado Rubens para forçá-lo a se manifestar. “E ela persistiu na busca [por justiça] ao longo dos anos, lutando por reparação pelo que ocorreu, que para ela configurava uma violência de Estado“, contou uma das filhas.

Eunice começou a estudar Direito em 1973 e se tornou uma advogada ativa nas políticas indígenas do Brasil. Ela também foi uma das protagonistas na pressão ao governo para a aprovação da Lei nº 9.140, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995, que reconheceu as pessoas desaparecidas durante a Ditadura Militar como mortas, permitindo a emissão de certidões de óbito.

Após 25 anos, em 1996, Eunice finalmente obteve a emissão do atestado de óbito de Rubens Paiva.

Eunice Paiva fundou, em 1987, o Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (IAMA), com o objetivo de defender a autonomia dos povos indígenas, conforme registrado pelo Instituto Vladimir Herzog. No ano seguinte, atuou como consultora da Assembleia Nacional Constituinte, que resultou na promulgação da Constituição Federal de 1988.

A Comissão Nacional da Verdade, instituída em 2012 para investigar os crimes cometidos durante a Ditadura Militar no Brasil, revelou, por meio de pesquisas e depoimentos, que Rubens Paiva foi submetido a torturas extremamente violentas, possivelmente a causa principal de sua morte. A confirmação oficial desse fato só foi comunicada à família em 2014.

Eunice Paiva faleceu em 13 de dezembro de 2018, aos 86 anos, exatamente no dia em que se completavam 50 anos da promulgação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), o mais repressivo da Ditadura Militar, que institucionalizou a tortura no país. Nos últimos 14 anos de sua vida, enfrentou a batalha contra o Alzheimer.

Veja também Deborah Secco protagoniza capa de Carnaval da Quem

Fonte G1/CNN  – Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

Veja também

1 Comment

Add yours

Comments are closed.