Mulheres tem dificuldade e falta de informação sobre o DIU. Mutirões se tornam cada vez mais necessários para atender em especial pessoas que dependem até mesmo de dados simples sobre o método anticoncepcional.
A ginecologista Dra. Mariana Viza, tem sua vida e carreira inspiradas em uma grande mulher, sua avó, Irene Viza. Dona Irene tomou a primeira pílula anticoncepcional lançada na época, no ano de 1960.
Ela contava que naquele tempo, mulheres que tomavam esse tipo de medicamento eram taxadas de “mulheres erradas”, e por isso, tinham que ingerir a pílula anticoncepcional escondidas.
Da pílula da década de 60 ao DIU (Dispositivo Intrauterino) de hoje em dia, muita coisa mudou! Mas será que os métodos anticoncepcionais atualmente são de acesso fácil e com todas as informações necessárias para todo o público que precisa?
A ginecologista acredita que ainda falta muito para desmistificar assuntos que envolvem os dispositivos. O DIU é um método anticoncepcional que atua no útero, liberando cobre ou hormônio na região do organismo.
O dispositivo cria um ambiente hostil dentro do útero que evita a gestação. O surpreendente é que mesmo no mês voltado especialmente para os assuntos femininos, o DIU ainda pode ser considerado uma verdadeira saga em muitos casos.
“Percebi que era necessário criar mutirões para aplicação do DIU e dentro deste movimento entendi que eu também tinha que levar cada vez mais informações para as pessoas”, afirma Dra. Mariana Viza.
A médica escuta relatos diários sobre os atendimentos de algumas unidades de saúde, seja pela falta de dispositivos, seja pela falta de profissionais suficientes e capacitados para a inserção, ou ainda em clínicas particulares, onde possivelmente existiria um processo muito longo e com a demora viriam outras dificuldades impostas a alguns pacientes.
Situações delicadas que podem gerar insatisfação, desinformação e criar filas de espera muito grandes sem necessidade.
Parte das explicações para esses problemas podem estar associados com a crise sanitária, que sobrecarregou todo o sistema de saúde brasileiro e fez com que a oferta de dispositivos intrauterinos (DIU) pelo SUS recuasse mais de 40% em 2020, em comparação ao ano anterior.
Segundo o DataSUS, plataforma que sistematiza as informações da saúde pública, em 2020, última atualização até o momento, foram realizados 28.980 atendimentos para inserção de DIUs de cobre (o único ofertado pelo SUS), um número 43% menor ao registrado no ano anterior, quando foram notificados 50.545 atendimentos do mesmo tipo.
De acordo com um estudo internacional (The Contraceptive CHOICE Project), de alto nível de evidência científica, de 10.000 mulheres selecionadas, 67% escolhem métodos de longa duração como DIU e implantes. No Brasil apenas 2% das mulheres utilizam-se destes métodos.
O estudo CHOICE mostrou que quando oferecemos as opções sem colocar barreiras, elas escolhem os métodos de longa duração. Dra. Mariana Viza pensa que seu papel como profissional é quebrar essas barreiras para que as mulheres possam ter suas vontades atendidas.
Com isso e outros fatores relacionados à espera do DIU, a neta da Dona Irene, monta espécies de caravanas da saúde e embarca com sua equipe para municípios que abrem os braços para projetos sociais como o dela.
Foi o que a médica, que viaja pelo Brasil com este propósito, fez em cidades do interior de Rondônia. O resultado foram 107 DIUs colocados em mulheres entre 17 e 49 anos, no período de três dias.
“Existe uma demanda, porque o Estado e a região Norte têm as maiores taxas de morte materna do país. Sabendo desse dado, a principal atitude é a contracepção.
Mulheres tem dificuldade e falta de informação sobre o DIU
A gestação não planejada, caminha lado a lado com a morte materna”, afirma a médica. Agora, ela deseja ir além e pretende levar para mais cidades o mesmo tipo de serviço, inclusive com a capacitação de profissionais na colocação do DIU.
E vai continuar atuante em suas redes sociais com conteúdo em vídeos, abordados de maneira leve, simples e com informações de qualidade. O objetivo dela é o de facilitar à população o acesso ao DIU com autonomia, liberdade e respeito.
Além dos projetos que envolvem a implantação de DIU com mais agilidade e informações, a médica planeja para dentro em breve a inauguração da Casa Irene, a Nova Unidade fica no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
A Casa Irene tem decoração e nome inspirados em sua avó, que sentiu na pele as dificuldades da falta de acesso a métodos contraceptivos.
O objetivo, segundo a médica, é humanizar cada vez mais os atendimentos, valorizando pessoas e priorizando as necessidades de saúde.
Com acolhimento, respeito e dignidade para todos os públicos que necessitam de atendimento ginecológico, como mulheres cis (pessoa que se identifica, em todos os aspectos, com o seu gênero de nascimento) e homens trans, que precisam de consultas e tratamentos voltados para humanização e valorização da saúde dos seres humanos, reforça Dra. Mariana.
“Muitos pacientes chegam em meu consultório por vezes com medo de serem questionados com perguntas invasivas sobre sua relação sexual”.
A médica, diz que a única preocupação com o paciente deveria ser se ele está realizando seus exames ginecológicos regularmente para cuidados com sua saúde. “Aqui valorizamos a vivência das pessoas.” diz a médica.
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Mais sobre a médica: Nascida e criada em Ariquemes-RO, formada em medicina na UFPR em Curitiba, residência médica em ginecologia pela UNICAMP em Campinas. Fundadora da Casa IRENE – Atendimento de maneira simples e humanizada. A médica é uma grande defensora da quebra de barreiras para ampliar o acesso à informação médica de qualidade e aos métodos contraceptivos.
Fonte e texto Dra. Mariana – Assessoria de Imprensa/aexpressão – Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal
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