Turismo rural: tendência que oferece lazer democrático e alternativa de renda para comunidades locais.
A falta de perspectiva para realizar grandes viagens durante a pandemia fomentou a busca pelo turismo rural, segmento considerado pelo governo federal como crucial nesta retomada das atividades turísticas.
Segundo a professora Dra. Deborah Zouain, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Turismo da Universidade do Grande Rio – Unigranrio – esse é o tipo de viagem mais inclusiva que agrada ao novo perfil dos viajantes.
“Os números da nossa recente pesquisa sobre a retomada do turismo reforçam a busca por viagens mais próximas, de curta distância, que proporcionem hábitos mais saudáveis e maior contato com a natureza.
O turismo rural é bem democrático: atende a todos os bolsos e oferece diversos tipos de experiência para toda a família”, afirma Deborah.
O Turismo Rural, também chamado “Agroturismo”, permite ter contato direto com a natureza, a agricultura e a cultura local, valorizando a hospedagem domiciliar em um ambiente com simplicidade e autenticidade que ajuda a “fugir” do estresse do meio urbano.
Sob esse ponto de vista, o maior cuidado com a saúde como valor agregado também influencia na escolha; o que não impede a possibilidade de unir lazer e trabalho no mesmo ambiente.
Não à toa, o ano de 2020 foi escolhido pela Organização Mundial do Turismo (OMT) como o ano do turismo rural. O crescimento da modalidade chegava a 30% antes da crise sanitária e a expectativa agora é de um bom faturamento ainda no primeiro semestre de 2022.
Esse tipo de turismo contribui para a conscientização ambiental e a biodiversidade, além de aspectos importantes como a geração de alternativa de renda para o campo, melhorando a qualidade de vida dos habitantes e do entorno, a manutenção da população e a contribuição para o desenvolvimento local.
Segundo a professora Deborah, nas recentes pesquisas do NPTU, pode-se observar que alguns fatores apreciados pelo turista também são uma oportunidade para o desenvolvimento: as experiências integradas, do tipo que alia as atividades ao ar livre a eventos esportivos, por exemplo; a oportunidade de cocriação;
A gourmetização dos serviços; o consumo de produtos locais com sabor de ‘temperos da roça’; a incursão pela cadeia produtiva; a possibilidade de se desconectar e se conectar com familiares e amigos.
“Podemos dizer que, para além de proporcionar momentos de tranquilidade, o turismo rural também gera oportunidades para os habitantes locais e ainda contribui para a conscientização ambiental e o respeito entre homem e natureza”.
Turismo rural: tendência que oferece lazer democrático
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Cabe ao Legislativo trabalhar no sentido de criar normas que permitam a maior qualificação do segmento, conectando, por exemplo, os destinos no campo às inovações tecnológicas do mercado. Os primeiros passos estão sendo dados. No fim de maio, a proposta que regulamenta o turismo rural foi aprovada.
O Projeto de Lei 4.032/2020 inclui essa atividade como uma das formas de aproveitamento econômico de fazendas e passível de tributação pelo Imposto de Renda.
Esse avanço é de extrema importância para o incremento de renda destinada à gestão local em cidades com potencial de desenvolvimento do setor rural.
Atualmente, a lei não reconhece o turismo como uma das formas de aproveitamento econômico das fazendas e, dessa forma, não era possível a emissão de documentos fiscais exigidos por agências de turismo, nem eram aceitos no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), sistema do Ministério do Turismo que cadastra os profissionais e operadores que atuam no setor e dá acesso a linhas de crédito.
OPORTUNIDADES E DESAFIOS
Com a proximidade das férias escolares, ganha força como destino. Os hotéis fazenda são opções para as famílias que procuram estar no campo, mas não querem abrir mão do conforto.
As programações são imersivas e envolvem atividades recreativas e esportivas, contato com animais da fazenda e refeições diferenciadas, muitas vezes, preparadas por chefs renomados.
Existem os destinos mais rústicos, nos quais o visitante pode se envolver na plantação e na colheita, além de interagir com os habitantes e ter contato com o patrimônio cultural da região.
Mas, para que siga prosperando é preciso estar atento aos desafios que se impõem: capacitação de pessoal, qualidade de conexão de Internet, inovação de forma contínua, continuidade dos trabalhos de pesquisa e monitoramento.
“Nunca é demais reforçar que o turismo precisa ser trabalhado de forma integrada, sendo necessária a aproximação entre academia, mercado, gestão pública e sociedade civil como condição fundamental para os avanços”, alerta a pesquisadora e doutora pela Universidade de Aveiro em Portugal, Paola Lohmann.
Ela foi uma das palestrantes do 1º Seminário Estadual Paisagens Rurais – e seu papel no desenvolvimento do Turismo do Rio de Janeiro – promovido pela Alerj com apoio da Faperj entre os dias 31 de maio e 2 de junho.
O evento trouxe vários especialistas nas áreas da agricultura e do turismo, gestores públicos e dirigentes de instituições fomentadoras que avaliaram os potenciais e o crescimento e a experiência, analisando a intervenção humana nesses cenários e o impacto econômico que a construção de roteiros pode gerar no território.
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Fonte Boa Amorim – Assessoria de Imprensa – Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal
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