Carolyna Aguiar estreia no Teatro Poeira o solo LYGIA

Carolyna Aguiar estreia no Teatro Poeira o solo LYGIA no Rio de Janeiro.

A peça mergulha no processo de criação de uma das mais importantes artistas brasileiras, e também em suas percepções, amores, temores, dúvidas e desencantamentos em relação ao mundo da arte.

Lygia Clark (1920-1988) desafiou as ideias sobre o que é ou pode ser a arte, tornando-se referência para artistas contemporâneos.

Iniciou seu aprendizado com Burle Marx (1909-1994), viveu em Paris por duas vezes (na segunda lecionou em Sorbonne), no Brasil integrou o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa (1923-1973), e participou do Movimento Neoconcreto.

Sempre investindo na interação com o público, navegou pela pintura e pela criação de objetos tridimensionais, na sequência levando estes objetos a se relacionar com o corpo. A partir dos anos 70, dedicou-se ao estudo das possibilidades terapêuticas de sua arte sensorial, passando a atender como terapeuta.

Carolyna Aguiar estreia no Teatro Poeira o solo LYGIA
Maria Pompeu e Carolyna Aguiar

O solo “LYGIA.” é um convite aomergulho no universo criativo de artista visual Lygia Clark (1920-1988). A peça foi criada a partir dos diários da artista, com o aval de sua família. Os diários de Lygia Clark não só revelam o contexto de criação de suas obras, mas também suas percepções, desilusões, amores, temores, dúvidas e desencantamentos em relação ao mundo da arte.

 Dona de uma obra carregada de significados nem sempre explícitos, mas de estética direta e simples, Lygia desafiou os conceitos estabelecidos de sua época. O meio das artes visuais, que não conseguia entender e classificar o seu trabalho, acabou por rejeitá-lo, inviabilizando sua circulação no mercado da arte.

Carolyna Aguiar estreia no Teatro Poeira o solo LYGIA

Bel Kutner, Miguel Clark, Bianca Clark, Viviane Mosé, Maria Clara Mattos, Carolyna Aguiar e Luisi Valadão

O mesmo se deu nos meios terapêuticos, também percorridos pela artista, que à certa altura de sua carreira fundiu as duas frentes, trabalhando também como terapeuta.

 “O espetáculo é um convite ao vasto mundo interior desta mulher. Não da artista plástica, não da terapeuta, mas da Lygia, pura e simplesmente. O que Lygia queria era o contato entre os corpos, encontros artísticos e curativos. Buscava provar que a arte era um sentimento, não um objeto de apreciação. Lygia foi experimentação estética do começo ao fim.

Ao ser encontrada morta, sentada na poltrona, vestida e penteada diante de uma televisão desligada, como fazia todos os dias, uma pergunta se impôs: até na morte ela foi obra de arte? Cremos que sim.”, reflete a autora e co-diretora Maria Clara Mattos.

 Indicada na categoria de Melhor Dramaturgia pelo Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) em 2022, “LYGIA.” busca democratizar o trabalho da artista e reforçar a sua relevância na atualidade, apresentando sua obra e reflexões a novos públicos.

 Para Carolyna Aguiar, que vive Lygia, é de extrema importância ter a presença da artista no cenário atual: “Sua desconstrução do pensamento da obra de arte como mito, sua aproximação entre a vida e a arte, sua constante provocação sobre as fronteiras da experiência artística tiram o público da contemplação passiva.”.

 Bel Kutner, diretora, completa: “Quando começamos a mergulhar no universo da Lygia, nos diários, querendo conhecer mais da mulher, da história pessoal, mais nos interessamos pelas obras e pela trajetória, e por como isso foi se afunilando até ela se transformar numa pessoa que trabalhava como o teatro faz, que é na interação.

Nada mais teatral do que a própria Lygia. Todo ato dela é uma obra de arte, é sempre relacional, sempre com outro, para o outro. Ela precisava sentir que tinha um retorno para ela.”

Bel Kutner e Maria Clara Mattos

 FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Maria Clara Mattos, baseada nos diários de Lygia Clark

Direção: Bel Kutner e Maria Clara Mattos

Atuação: Carolyna Aguiar

Cenário: Studio Mameluca

Iluminação: Samuel Betts

Figurino: Andrea Marques

Preparação Vocal: Sonia Dumont

Design Gráfico: Estúdio Mirante 

Operador de Luz: Walace Furtado

Mídias Sociais: Rafael Gandra 

Direção de Produção: Bárbara Montes Claros

Parceria: Associação O Mundo de Lygia Clark

Realização: 8 Tempos Produções Artísticas

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

Bel Kutner e Maria Pompeu

 CAROLYNA AGUIAR – atriz

Atriz, bailarina, preparadora corporal, performer e produtora cultural. Formada na Faculdade de Dança Angel Vianna. Pós-graduada em Performance pela CAL. Atua no teatro e na televisão desde 1988.

No teatro, foi dirigida por nomes como Sérgio Britto, Domingos de Oliveira, Paulo José, Mauro Rasi, Luiz Arthur Nunes, Eduardo Wotzik. Atuou no grande sucesso de Mauro Rasi, a peça “Pérola”, de 1994 a 1999. Recentemente produziu e atuou na peça “A Inquilina”, de Jen Silverman, ao lado de Luisa Thiré, com direção de Fernando Philbert, no CCBB RJ.

 Em 1993, ganhou dois prêmios de Atriz Revelação por sua atuação na novela “Fera Ferida”, de Aguinaldo Silva. Sua novela mais recente foi “Totalmente Demais”, de Rosane Svartman e Paulo Halm, direção de Luiz Henrique Rios.

BEL KUTNER – diretora

Bel Kutner é atriz, diretora de teatro e foi diretora artística da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, de 2017 a 2019. Começou na TV, aos 13 anos. Atuou em importantes papéis como nas novelas “Vamp”, “Olho no Olho” (1993), “Anjo Mau” (97), “A Favorita” (2008), “Verdades Secretas” (2015), “Nos Tempos do Imperador” (2022). São cerca de 50 peças como atriz e 5 direções teatrais, mais de 30 novelas e 10 filmes ao longo da carreira. Atualmente está em cartaz no musical “O Jovem Frankenstein”, com direção de Charles Möeller e Claudio Botelho.

MARIA CLARA MATTOS – dramaturga e codiretora

 Maria Clara Mattos é escritora, roteirista, dramaturga e atriz. Para televisão, escreveu “Espelho da Vida”, “Tapas e Beijos”, “Filhas de Eva”, “Canastra Suja” (TV Globo); “As Canalhas”, “Que Marravilha! Chefinhos” (GNT); “Cilada”, “Alucinadas (Multishow); “Prata da Casa” (FOX); “Dona Beja” (HBO).

Para o teatro, escreveu e dirigiu “”LYGIA.””, indicado ao Prêmio APCA 2022; e “Amor É Química”, com David França Mendes. Adaptou e dirigiu com Bel Kutner “O Conto da Ilha Desconhecida”, vencedor do Prêmio Zilka Salaberry de Direção 2007.

Tem dois romances publicados: “O Céu Pode Esperar Mais Um Pouquinho” (finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2013) e “Depois da Chuva”.

MAIS SOBRE LYGIA CLARK

http://portal.lygiaclark.org.br

Lygia Clark (1920-1988), nascida em Belo Horizonte, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1947, quando iniciou seu aprendizado artístico com Burle Marx (1909-1994).

Depois de viver dois anos em Paris, de volta ao Brasil, integrou o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa (1923-1973) e participou do Movimento Neoconcreto, fazendo sua primeira exposição em 1959.

Aos poucos, migrou da pintura para a escultura e em 1960 realizou a série “Bichos” – construções metálicas geométricas articuladas por dobradiças que demandavam a participação do espectador. Conforme ampliava as possibilidades de percepção sensorial em seus trabalhos, Lygia integrava o corpo à arte.

Fez uma grande mostra individual em Londres em 1965, e representou o Brasil naBienal de Veneza em 1968, onde apresentou a instalação participativa “A Casa é o Corpo”. No Brasil, participou das exposições “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).

Entre 1970 e 1976, voltou a viver em Paris, lecionando na Faculté d´Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne.

Nesse período, volta-se para experiências corporais em que materiais variados se relacionam com o público. Retornando ao Brasil, dedicou-se ao estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial e dos objetos relacionais.

Lygia Clark acreditava na fusão entre arte e terapia. Tanto que, com base nos objetos manuseáveis que criava ou recolhia da natureza – balões de ar, sacos de terra e água e até pedras -, batizados de Objetos Sensoriais, acreditava ser possível curar os males da alma. Estes objetos não eram vistos com bons olhos por psicanalistas franceses e brasileiros, já que Lygia não tinha formação acadêmica na área.

A partir dos anos 1980, sua obra ganhou reconhecimento internacional com retrospectivas em várias capitais internacionais e em mostras antológicas da arte internacional do pós-guerra. No dia 26 de abril de 1988, morre em sua casa em Copacabana, de um infarto do miocárdio.

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Fonte Ovadia Saadia –  JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany Assessoria de Imprensa – Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

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